quinta-feira, 19 de julho de 2012

RUMO A PARINTINS, Diário de Bordo 2

Foto: Vista parcial de Itacoatiara. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012

Por volta das 18h passamos por frente do Municipio de Itacoatiara, tão famoso quanto importante para a formação do estado do Amazonas. É a terra da "Pedra Pintada" nome alusivo á rochas com inscrições rupestres, daí o nome de Itacoatiara ou Itaquatiara. É a primeira vez que avisto a cidade de onde meus pais vieram e sobre isto não posso disfarçar a falta de curiosidade em visitar este lugar tão especial em também foram assentados alguns colonos judeus, além do imaginário construído sobre este lugar pelos meus pais, ainda muito presentes nas minhas recordações de infância. Só para se ter uma idéia, minha mãe, falava do evento sobre o afundamento de barcos num confronto entre amazonenses e paraenses (oriundos de Óbidos) por ocasião da Revolução Constitucionalista de 1932, reconhecida pelos geopolíticos brasileiros como a Batalha Naval mais importante da América Latina no século XX.

Foto: Margem esquerda do Rio Amazonas. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012.

O enredo consiste no arregimento de revoltosos em Óbidos no Pará que apoiando São Paulo, depuseram o prefeito local e rumaram para depor o governo amazonense, que preparou a defesa da cidade e do estado com uma esquadra naval sob o comando do 27° BC (Batalhão de Caçadores) que funcionava nas dependências do atual prédio do Colégio Militar de Manaus (CMM). Neste episódio da história nacional e regional, ainda paira uma "nuvem" quanto as informações. Os amazonenses afundaram embarcações revoltosas após ameaçarem o bombardeio de Itacoatiara e alinharam-se a ordem política institucional vigente. Só um dos pequenos motivos pelos quais este lugar exerce um fascínio sobre mim, além dos contos de botos vermelhos, matinta-pêrera, curupira e outras lendas.

Foto: Geosistema amazônico. Rio Amazonas. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012.

A impressionante paisagem amazônica em tons, matizes e feições, se revela ao longo do caminho pela estrada de rio, numa visão esplendorosa da criação divina. O magnífico manancial de água doce justaposto ao não menos superlativo estoque de carbono da floresta ombrófila, compoem um cenário dialético imperante no geossistema amazônico, alimentado pela grande concentração de rios aéreos num volume produzido pela espetacular evaporação dos cursos dágua e pela evapotranspiração da paisagem vegetal em gênesis perpétua.


Foto: Margem direita do Rio Amazonas. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012.
A presença humana ao longo do caminho mostra apenas uma insgnificância existencial, mediante a grandiosidade da corbetura vegetal e o mundo das águas, imperam na construção de uma espacialidade do possível, mediada pelos "ditames" da natureza perfazen do uma atmosfera mitica e mística da existência. Aqui, as águas, os ventos, animais, vegetais, e histórias ancestrais ganham peso e são atores e atrizes nesta ópera da existência.

Foto: Rio Amazonas: O Desafio da Logística. Autor: Geóg. M. Bechman, 2012.

Não fosse apenas, o desafio amazônico, as distâncias dão o tempo e o ritmo dos ciclos nesta região. As distâncias incorporadas ao cotidiano dos caboclos nos lembra "os tempos lentos" de Milton Santos, e o desespero das empresas capitalistas para agilizarem o domínio sobre esta região tão especial. Neste caminho, balsas transitam diuturnamente, num exercício quase inglório diante da grandeza do rio Amazonas. Estamos chegando a Parintins!


Saudações Geográficas!

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