domingo, 17 de março de 2024

NOVO PASSO DO ANDARILHO

FOTO: IGARAPÉ DO PASSARINHO. 
AUTOR: CUCUNACA, 2024

De tempos difíceis para os andarilhos da Amazônia chegamos a constatação de que é preciso escrivinhar sobre os nossos passos pela geografia dos sentidos.

Alguns anos em recesso. Talvez pelas condições de vida difíceis e a preocupação onipresente com a sobrevivência. Os andarilhos estão sujeitos a isto.

E o Tempo passa.

Votamos!

domingo, 9 de fevereiro de 2020

ETERNO RETORNO AO FUTEBOL AMAZONENSE

FOTO: ARENA DA AMAZÔNIA. 2020.


Estamos de volta aos estádios. Desde 2014 não acompanhamos mais o futebol amazonense em função das várias situações postas que vão desde a Copa do Mundo de Ludopédio da FIFA até a nossa colonizada imprensa, passando é claro, pelos dirigentes de nossos clubes. 

Fomos ao jogo Nacional F.C x Amazonas F.C na Arena da Amazônia Vivaldo Lima. Nessa volta, vimos um  campo de jogo maltratado, gramado em lastimável condições e as cadeiras do estádio já perdendo as cores vibrantes que embelezavam aquela arena outrora tão linda.

Antes de 2014, a crônica esportiva amazonense reclamava que não dispunha de estádios e condições que alavancassem o futebol local. Em 2020 temos três bons estádios, a Arena da Amazônia Vivaldo Lima, o Ismael Benigno (Colina) e o Carlos Zamith no bairro do Coroado, isto sem falar no interior da região metropolitana, Floro de Mendonça (Itaquatiara) e de Manacapuru.

Os clubes permaneceram praticamente na mesma. O Nacional nunca deixa de ser a eterna esperança de termos um clube antigo e grande entre os grandes no cenário brasileiro. O São Raimundo lutando para voltar a ter um céu celeste e o Nacional Fast Clube com a eterna garra de um time de eternos amantes do futebol. Grupos fechados com visões fechadas proporcionaram o nascimento de outros clubes como o Manaus F.C e o Amazonas F.C dissidências do Leão da Vila Municipal, aliás mais duas depois do Fast.

A verdade é que chegamos ao século 21 e não temos um representante na elite do futebol brasileiro. E estas novas agremiações foram nascendo deste certo inconformismo. Sim, gerações que já nasceram sem identidade com o futebol do Amazonas representados pelos clubes centenários sem títulos de expressão regional ou participação nacional digna de nota. Desse modo, a 5a economia do Brasil está ainda órfã de um clube de futebol que a faça se sentir parte do universo futebolístico nacional.

E a imprensa colonizada do Amazonas? Bem, continua colonizada e anciã, dando sinais de caducidade. Crônica que ainda não leva os ex-jogadores para dentro dos estúdios, repórteres de campo que não vivem o futebol e nem o cotidiano dos atletas. Locutores que fazem apologia e se deslumbram com o futebol europeu e de outras regiões do Brasil, marcando assim esse "provincianismo" do Amazonas.

Aliás, as matérias televisivas são sempre levando os torcedores a verem o futebol como "entretenimento", uma brincadeira. Sempre levado na galhofa. Daí o título do campeonato apelidado de Barezão por esta imprensa, que em vez de homenagear, ganha mais o tom de depreciar, quando o melhor deveria ser o Amazonão para orgulhar e dar dimensão da grandeza deste estado que pode muito bem ter sido o primeiro lugar a ter recebido uma partida de futebol no Brasil.

Afinal, no final do século 19 e inicio do 20, as empresas inglesas construíram nosso porto do Rodway e a rede de esgoto do Centro Histórico, será que ninguém sabia jogar bola?. Espero que os jovens respondam a este momento. O momento é de vocês.

E o jogo? Ah, no campo o perigosíssimo Amazonas F.C fez no primeiro tempo jogadas melhores que o Leão, e o Naça com a luta de sempre igualou. O Jogo foi empate em dois tentos para cada lado. 

E a volta ao estádio? Indescritível. A emoção, o barulho das torcidas, a vibração, a companhia da família e o papo sobre futebol de sempre, focado na bola...a magia do futebol, o orgulho dos "moleques"de agora, o torcedor humilde e apaixonado, os fanfarrões e seus gritos de incentivo e xingamento e a explosão do gol, ah que êxtase! E esse meu coração que não muda de cor...



Naça é Naça, o resto é fumaça!

sexta-feira, 24 de maio de 2019

CARAVANA LULA LIVRE, EM MANAUS

FOTO: PROF. FERNANDO HADDAD.
AUTOR: CUCUNACA, 2019.

Nesta quinta-feira, 23 Manaus recebeu a Caravana Lula Livre, promovida pelo pelo Movimento Lula Livre composto por Partidos políticos, UNE, entidades da sociedade civil e movimentos sociais. Conforme o cronograma do evento, a Caravana, em solo manauara, teve inicio com uma visita a Moto Honda da Amazônia, seguida de uma "Barqueada" até o encontro das águas. A direção da caravana, tendo como líderes, a senadora Gleisi Hoffman - atual presidenta do Partido dos Trabalhadores (PT) juntamente com o ex-candidato pela legenda, o Prof. Dr. Fernando Haddad conversaram com lideranças locais sobre anseios e projetos de sustentabilidade para a Amazônia.

FOTO: FACHADA DA UFAM.
AUTOR: CUCUNACA, 2019.

À tarde, a caravana chegou à Centenária Universidade Federal do Amazonas (UFAM) primeira universidade do Brasil, fundada em 1909. No hall do Instituto de Ciências Humanas e Letras, a caravana integrou-se a um Ato Público em defesa da Universidade Pública. Apresentações culturais, declamação de poemas, discursos e música indígena da etnia Tariano do Alto Rio Negro antecederam as falas da senadora Gleisi Hoffman e do Prof. Dr. Haddad que foram saudados de forma entusiasmada pelo público presente, por nossas estimativas, composto por cerca de 2 mil pessoas entre professores, geógrafos, intelectuais, militantes, arte-educadores e estudantes. 


FOTO:  SEN. GLEISI HOFFMANN.
AUTOR: CUCUNACA, 2019.

Em seu discurso, a presidenta nacional do PT Gleisi Hoffman, destacou a importância da mobilização popular em defesa da liberdade do ex-presidente Lula, sentenciado a partir da Prática de Lawfare quando o Direito é usado contra o indivíduo sem provas consistentes baseadas apenas em delações sob pressão psicológica.

FOTO: HADDAD DISCURSA NA UFAM.
 AUTOR: CUCUNACA, 2019.

 FOTO: HADDAD NA UFAM.
 CUCUNACA, 2019.

O professor doutor Fernando Haddad, discursou enfatizando a importância da Universidade Pública, da Pesquisa e das conquistas dos governos Lula e Dilma Roussef para a região amazônico, em especial, para o Amazonas, além do papel estratégico da região para o desenvolvimento do Brasil. O Ato Público foi encerrado por volta das 17hs30mn e a Caravana Lula Livre seguirá pelo norte do país com passagens por Santarém e Belém do Para, sendo encerrada nesta edição na cidade de Concórdia.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

MANIFESTAÇÃO PELA DEMOCRACIA EM MANAUS - AMAZONAS 2016 - 52 ANOS DO GOLPE MILITAR DE 1964

FOTO: DJUANE TIKUNA - ARTISTA TIKUNA. AUTOR: CUCUNACA, 2016

Nesta sexta-feira 31 de Março em que os brasileiros rememoram a triste passagem em sua História de um período de exceção democrática, marcada pela implantação de uma Ditadura Civil-Militar em 1964 que depôs um governo legitimamente eleito pelo sufrágio universal, João Goulart. São 52 anos do Golpe de Estado que derrubou Jango. 

FOTO: PÚBLICO PRESENTE. AUTOR: CUCUNACA, 2016

Nesta sexta-feira 31, ensolarada na capital da Amazônia, Manaus, militantes e democratas foram até o Largo de São Sebastião, no entorno do Teatro Amazonas para defender a Democracia contra um processo de Impeachement promovido por setores conservadores e partidos de oposição derrotados no pleito de 2014 que reelegeu a primeira mulher a governar o Brasil, Dilma Roussef do Partido dos Trabalhadores (PT).

FOTO: MILITANTES DE ESQUERDA. AUTOR: CUCUNACA, 2016.

Estiveram presentes no Ato Público, estudantes, professores, democratas, movimentos sociais e entidades de classe e claro, a presença nestes atos dos representantes das nações indígenas junto ao campo progressista. Num sentido especial, a índia Djuane Tikuna, cantou um canção de seu povo e depois executou o hino nacional brasileiro em língua Tikuna, encerrando o Ato Público em Defesa da Democracia. Discursaram além dos movimentos negros, sindicalistas, professores, estudantes, dentre os quais destacamos a fala do Prof. Dr. Renan Freitas Pinto (UFAM) e do Prof. Dr. Randolpho Bitencourt que destacaram a luta social e institucional pela constitucionalidade do mandato da presidenta Dilma Roussef (PT), tendo em vista a mobilização em todo o país e entre as nações latino-americanas.

Foi um evento político, mas sobretudo, cultural, onde via-se claramente a "cara do povo brasileiro" seja na presença dos movimentos sociais, seja pela presença massiva de intelectuais, artistas, poetas e democratas.

Longa Vida a Democracia Brasileira!

sábado, 19 de março de 2016

IMAGENS DA MANIFESTAÇÃO CONTRA O GOLPE JURÍDICO-MIDIÁTICO EM MANAUS 2016

FOTO: INÍCIO DA MANIFESTAÇÃO.
AUTOR: CUCUNACA, 2012

FOTO: POVOS INDÍGENAS. AUTOR: CUCUNACA, 2016

FOTO: JUVENTUDE SOCIALISTA.
AUTOR: CUCUNACA, 2016

FOTO: LARGO DE SÃO SEBASTIÃO, 2016.

FOTO: CARTAZ DE APOIO AO GOVERNO.
AUTOR: CUCUNACA, 2016.

FOTO: SAÍDA DA PASSEATA. RUA 10 DE JULHO, MANAUS.
 AUTOR: CUCUNACA, 2016.

FOTO: PASSEATA PELA DEMOCRACIA.
AV. GETÚLIO VARGAS. AUTOR: CUCUNACA, 2016.

sábado, 16 de janeiro de 2016

ESCOLAS DE SAMBA DE MANAUS: O QUE SE APRENDE NELAS E COM ELAS

FOTO: CENTRO DE CONVENÇÕES DE MANAUS_SAMBÓDROMO. 2015. AUTOR: CUCUNACA, 2015.

Muitas vezes, as escolas de samba tem que a cada ano se afirmarem como associações importantes para a afirmação cultural, educacional e historiográfica de um povo ou segmento social. Neste sentido, gostaria de enfatizar alguns pontos que merecem destaque nas escolas de samba de Manaus e sua inserção na sociedade.

1. Nas escolas de samba, longe de serem desorganizadas, são entidades com registros jurídicos e formalizadas, passíveis de penalidades advindos de sua responsabilidade social.
2. Em algumas escolas de samba, desenvolvem projetos sociais, como dar oportunidade para aprendizes, jovens, músicos, dança, de cursos, além de esportes, clubes de artesãos e de cultura;
3. As escolas de samba pelo volume de capital que movimentam numa cidade, envolvem as industrias do entretenimento, das mídias clássicas e internet, das artes, da música, da cultura e da infra-estrutura;
4. As escolas são referências de identidade de seus lugares. Sua geografia aponta para a manifestação musicada de um segmento social muitas vezes, marginalizado ou excluído do contexto social hegemônico.
5. Geradora de empregos, o pagamento de salários - é espantoso isso, mesmo que em caráter temporário. Em lugares como Manaus, longe dos grandes centros do Brasil, a manifestação popular contribuí para a construção da identidade nacional.
6. Contribuição a cultura e a educação.
7. Dispersor da energia.
8. Agregador de pessoas.
9. Festa popular democratizada e aberta gratuitamente. Em Manaus, não se paga ingressos para vivenciar o espetáculo.
10. Industria alimentícia, empregos formais, informais e temporários.
11.Industria da reciclagem e da sustentabilidade.
12. Contribuição para a língua do país, com a diversidade de vocabulário regional e suas re-significações.
13. Gerador de eventos na industria da cultura, e agenda para noticias.
14. Constante espaço de simulação para eventos de massa com forte presença de pessoal.
15. Exercício dos setores públicos envolvidos (segurança, saúde, engenharias e entidades da sociedade civil organizada).
16. Retorno de impostos pargos pelos contribuintes.
17. Disciplinadora, são muitas as regras para se desfilar na passarela, pontualidade, não excesso de bebidas e outras, visto que se está em uma "competição".
18. Estímulo a tratar os adversários não como inimigos, daí a gíria "co-irmãs". Ou seja, estimular regras de sociabilidade e civilidade.
19. Negócios com parceiros que promovem a festa.
20. Mercado dos levantadores e personalidades que desfilam por agremiações, seja defendendo suas cores ou participando de seus eventos.
21. Alegria de viver. Afinal, estamos no Brasil, cuja identidade está diretamente ligada a sua bio e sociodiversidade cultural.

Alguns destes temas, precisam aprofundamento e certamente são temas importantes para a investigação e tratamento científico e cultural desta magnífica festa popular que é o desfile das escolas de samba de Manaus.

Saudações Carnavalescas!

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

MANAUS 346 ANOS - OUTUBRO CINZA

FOTO: MANIFESTAÇÃO CONTRA AS QUEIMADAS EM MANAUS. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.


Neste dia 24 de outubro, Manaus completa 346 anos de existência. Minha cidade de nascimento e de coração. Em virtude deste momento, importo em destacar a sua primazia na Amazônia brasileira e a simplicidade de seu povo muitas vezes confundida com inocência.

No mês de outubro, foi dedicado a atenção a saúde da mulher, ganhando até o slogan de "Outubro Rosa". Mas, por ironia dos acontecimentos, a cidade de Manaus vem sofrendo muito com os rigores climáticos decorrentes do fenômeno El Niño, em que pese, temperaturas elevadas e baixa umidade do ar. Somam-se a isto, mais as queimadas criminosas na Amazônia, especialmente no sul do Amazonas e na região metropolitana de Manaus o que mergulha até o momento em que escrevo estas linhas, a cidade numa nuvem de fumaça que amplia-se com a chegada da noite.

As Organizações não-governamentais (ONG's) que vivem a espalhar aos quatro ventos que "Amam a Amazônia" ficam caladas, e veja, não são quaisquer organizações de "fundo de quintal", possuem ligações internacionais e suas sedes dão inveja a muitas pequenas empresas. 

Os meios de comunicação de massa, rádio e televisão limitam-se a registrar o fato da fumaça, sem contudo, aprofundar o tema preferindo culpabilizar os pequenos produtores rurais, mesmo conscientes que em nenhum momento da história recente da cidade, fenômenos como este, se manifestaram tão prolongadamente sobre os ares de Manaus. 

Os órgãos, institutos científicos e universidades (alguns deles se orgulham de ter meio centenário de Amazônia!), em silêncio, quando se pronunciam tratam apenas de aspectos periféricos a cortina de fumaça, falam das estatísticas e probabilidades e alguns até em adivinhações para projetar quando a fumaça irá se dissipar e até confundem a direção dos ventos, quando não apelam ao Divino para que nos envie chuvas. 

A classe média, que outrora, replicou via internet, a tragédia dos periquitos da Avenida Efigênio Salles, não polemiza em nada, não exerce nem o direito de consumidora da cidade, sobre a nossa perda de qualidade do ar. Uma classe média, que como diz, um colega meu de trabalho, quer saber mesmo é "Se o dinheiro já está na conta".

Neste cenário, Manaus fará 346 anos. Não bastasse, a vida de luta na cidade e pela cidade, os poetas do subterrâneo, se escondem da intoxicação da superfície de Manaus. As mucuras resistem por aparelhos, mas os ratos da cidade, continuarão a fazer poesia proscrita, nas esquinas enfumaçadas da Rua Leonardo Malcher com a Tapajós - que quiseram rebatizar de rua Portugal e a memória dos mais antigos não permitiu. Manaus, uma cidade que suas elites não a amam, apenas toleram porquê nesse espaço quente e úmido, ainda há caboclos a se explorar e caboclas lindas para se degustar (perdoem-me a deselegância!).

Espero sinceramente, deixar em Manaus minhas palavras grafadas em cada passo que dou na cidade "Mãe dos Deuses" tatuadas em cada tijolo e árvore, para que não virem fumaça e componham esta grande nuvem do esquecimento que insiste em pairar sobre a cabeça dos habitantes da minha amada Manaus.

Parabéns a todos os Ratos e Mucuras que insistem em fazer poesia no subterrâneo da cidade de Manaus!