segunda-feira, 28 de julho de 2014

ANDARILHO NA COPA EM MANAUS

FOTO: ARENA DA AMAZÔNIA - EUA X PORTUGAL. AUTOR: M. BECHMAN, 2014

Numa tarde de temperatura amena por volta dos 28°C de sábado por volta das 16h e caminhando na Avenida Getúlio Vargas, foi que tive a noção da magnitude do evento em que iriamos participar: a Copa do Mundo de Futebol da FIFA.

Às vésperas do jogo entre Portugal e Estados Unidos na Arena da Amazônia Vivaldo Lima, como um legítimo andarilho fui ao centro comercial da cidade para comprar camisas das seleções que fariam uma partida pela primeira fase do Mundial de Futebol da FIFA. 

Ao longo da avenida, deste o Cheilk Clube já víamos jovens em grupos caminhando e explorando a cidade e seus espaços. Estava claro a razão de sua presença aqui, estavam em Manaus pelo jogo entre as seleções de Portugal e dos Estados Unidos. Rapazes e moças trajando bermudas, camisas regatas e sandálias de dedo sorriam enquanto conversavam desinteressadamente em suas línguas pátrias, neste caso, em inglês por se tratarem de torcedores da seleção estadunidense.

Ao longo do caminho, á medida que chegávamos à Avenida 7 de Setembro, outros personagens surgiam na paisagem urbana manauara e desta vez, foram os portugueses com suas máquinas fotográficas pondo-se a registrar sua passagem por Manaus, á medida que olhávamos os prédios decorados com bandeiras portuguesas e estadunidenses na janelas dos apartamentos e lojas comerciais, o que fora possível deter nossa atenção por se tratar de um sábado à tarde em que o comércio começa desacelerar e as ruas da cidade morena começam a ficar mais livres, dando aos andarilhos um “ar bucólico” e provinciano.

Da mesma forma em que caminhávamos em busca da compra de nossa camisa, o cenário parecia muito mais globalizado, com a presença de camelôs que vendiam artesanato  e pulseiras de hypies portando seus estandartes com brincos, pulseiras e adornos artesanais, cuja fala não escondia a origem dado a fluência do castelllano, sendo peruanos e venezuelanos, mergulhados nesta atmosfera nos pareceu claramente que naquele instante e espaço éramos a minoria, em nossa própria terra!

Uma profusão de sons e perfis de cidadãos do mundo movidos pela beleza e paixão do ludopédio e desta magnífica região do Brasil...espanto, encantamento e fascínio me fizeram experimentar uma situação única diante da alteridade e do cosmopolitismo desta cidade de Manaus em pleno século 21. Uma cidade global!

Urbe de muitas cores e muitos atores presentes, locais, nacionais e globais, um experimento geográfico e antropológico de paixão, testemunho de que somos todos iguais essencialmente e por natureza frutos de uma mesma humanidade. Graças a isto, vi de fato, o que o futebol fora capaz de fazer.

Quanto ao nosso objetivo, compramos as camisas de Portugal e Estados Unidos e neste jogo, nossa torcida foi para a seleção estadunidense, num jogo de muita emoção e com a presença mesmo que discreta e decisiva do melhor jogador do mundo, o português Cristiano Ronaldo e da presença massiva da torcida estadunidense dando um show à parte de alegria enchendo de um maior colorido a Terra dos Manauaras.
Saudações Andarílicas!

sábado, 22 de março de 2014

ENCONTRO DAS ÁGUAS

FOTO: ENCONTRO DAS ÁGUAS. AUTOR: M. BECHMAN, 2011.

ENCONTRO DAS ÁGUAS

Vê bem Maria, aqui se cruzam: este
é o Rio Negro, aquele é o Solimões.
Vê bem como este contra aquele investe
como as saudades como as recordações.

É um simulacro só, que as águas donas
desta terra, não seguem curso adverso;
todas convergem para o Amazonas,
o real rei dos rios do Universo.

Para o velho Amazonas, soberano
que no solo brasílio tem o Paço.
Para o Amazonas, que nasceu humano,
porque afinal é filho de um abraço!

Se estes dois rios fôssemos, Maria,
todas as vezes que nos encontramos
que Amazonas de amor não sairia,
de mim, de ti, de nós que nos amamos!

[QUINTINO CUNHA, in "Pelo Solimões"].


Nossa singela homenagem ao Dia Mundial da Água.



Saudações Amazonenses!

sábado, 22 de fevereiro de 2014

MAUÉS, TERRA DO GUARANÁ - Parte 1

Foto: Pôr-do-sol em Maués. Autor: M. Bechman, 2014.

Participando de um Programa para Formação de Professores da Educação Básica - PARFOR, mantido pelo governo federal e a convite da geógrafa Giselane Campos para substituir um colega, fomos ministrar a disciplina Conteúdos e Metodologia de História e Geografia para o curso de Pedagogia da Universidade Federal do Amazonas no período de 21 de Janeiro a 01 de Fevereiro na sede do município.

Foto: Silvio Proença - O Barão do Guaraná. Autor: M. Bechman, 2014.

Aproveitamos o trabalho para andarilhar pela cidade dos Maués, famosa por vários aspectos históricos, sociais, geográficos e culturais. A Cidade recebeu este nome em homenagem aos índios Mawés habitantes do Lugar, cuja história destes espaço nos remete á existência da não menos famosa Mundurukânia onde índios guerreiros mundurukus exercitavam a arte da guerra. Também Maués é conhecida como a Terra do Guaraná, pois em 1905 foi descoberta a importância do guaraná como energizador e restaurador das forças humanas.

Foto: Orla comercial de Maués. Autor: M. Bechman, 2014.

Em sua orla que segmenta-se em área econômica dedicada as atividades comerciais como as feiras, mercados e portos e a extensa parte dada ás suas belas praias de água doce...belas mesmo! Maués me surpreendeu. Com um sítio territorial plano, a apreciação horizontal é inevitável e especialmente perfeita para as caminhadas e a circulação de bicicletas que participam junto com as muitas motocicletas de um trânsito "inocente" nas suas largas ruas.

Foto: Obelisco Maçônico em Homenagem ao Fim da Cabanagem 1835.
Autor: M. Bechman, 2014.

Alguns pontos neste município merecem real destaque por par parte deste andarilho, a Igreja Católica NSa Imaculada Conceição e Divino Espírito Santo é um marco em sua arquitetura circular e seus ícones religiosos que mostram a força da cultura regional em seus vitrais e até mesmo no sacrário com  a presença da fruta do Guaraná, revelando o reconhecimento da força da cultura regional sobre a religiosidade. Na praça á sua frente, teremos um obelisco Maçônico que marca a assinatura do tratado do fim dos últimos combates da Revolta dos Cabanos em 1835. Impressionante!

Em Maués pode-se observar também um "Encontro das águas" dos rios Maués-açú de águas escuras com o Paraná do Urariá que também serve de berçário para peixes e onde os botos encarnados e tucuxis se deliciam com a enormidade de cardumes. Não bastasse apenas Maués contribuir para a História do Amazonas e da Amazônia, este lugar especial também é cheio de sítios arqueológicos que servem de testemunhos das antigas civilizações amazônicas. Difícil não se fascinar com Maués.

Foto: Encontro das águas do Maués-açú com o Paraná do Urariá.
Autor: M. Bechman, 2014.

A população de Maués, suas elites e seus personagens mais humildes possuem um orgulho ancestral materializado na sua participação na História da Amazônia e na História Política do Amazonas. Maués por conta do Guaraná, de suas praias, de sua gente, de sua culinária apreciadíssima e de sua arqueologia ainda nos oferece uma das farinhas mais saborosas da Amazônia.

Saudações Andarílicas!

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

MANAUS: PAISAGEM COSMOPOLITA

Foto: Teatro Amazonas. Manaus. Autor: M. Bechman, 2012.

Aviso aos andarilhos da Terra de Ajuricaba: não esperem ver em Manaus, a imagem caricata vendida e reforçada pela mídia brasileira, como um lugar perdido na floreta equatorial, imagem do absurdo e da última fronteira da civilização. Quando forem a Manaus, lembre que este lugar surpreende quanto fascina.

Imagine nobres andarilhos do mundo, que Manaus tem marcas profundas e sedimentadas na sua paisagem urbana, dignas de relatos de grandes épicos e prova contumaz da engenhosidade e capacidade humana de conquistar e colonizar as mais distintas regiões do planeta.

Inserida na Amazônia brasileira, Manaus foi uma base militar importante para a fixação da civilização ocidental na região, suprimindo as civilizações nativas como as presentes no Rio Negro. O projeto urbano de Manaus denuncia isto em sua paisagem construída com o Porto Flutuante de Manaus construído em 1902, o Prédio da Alfândega, o Reservatório de águas do Mocó, Galerias de esgoto, além das Pontes de ferro construídas no inicio do século XX pelos ingleses. Sim, a Inglaterra sempre foi muito presente na paisagem urbana de Manaus.

Foto: Prédio da Alfândega. Manaus. Autor: M. Bechman, 2013.
Neste sentido, é importante que o andarilho, leia a paisagem urbana de Manaus, a partir de uma visão de mosaico cosmopolita, com a presença na face da cidade da materialidade espacial dos portugueses com o Hospital Beneficente Português e o belíssimo prédio do Luso Sporting Clube no centro histórico de Manaus, além das construções em alvenaria com assoalhos altos adaptados ao clima equatorial para a circulação de ar e refrigeração das residências.

Foto: Luso Sporting Clube. Manaus. Autor: M. Bechman, 2013.
Só para os andarilhos terem uma idéia deste lugar impressionante é a presença francesa na arquitetura de algumas construções como o prédio da Aliança Francesa e o magnífico Mercado Adolpho Lisboa no Centro de Manaus, sem dúvida, um dos mais belos do mundo, margeado pelo imponente e histórico Rio Negro que banha a cidade dos manauaras.

Foto: Mercado Adolpho Lisboa. Manaus. Autor: M. Bechman, 2013.

Há na cidade, ainda muitas rugosidades - testemunhos de tempos pretéritos - que adensam este cosmopolitismo manauara manifestados nas edificações das igrejas como a de São Sebastião e a da Imaculada Conceição (Matriz) e claro, é um "Pecado de morte" não conhecer o Teatro Amazonas. Caros amigos e amigas andarilhas, não desejamos aqui realizar uma tese de mestrado ou doutorado em Geografia, pois neste espaço da escrita não teríamos fôlego para andarilhar por esta rica história de 344 anos da cidade dos manauaras, barés, tarumãs... Nossa intenção é apenas servir bússola para os sempre ousados andarilhos e desbravadores deste vasto mundo!

Sejam Bem Vindos á Terra dos Manauaras!