segunda-feira, 1 de junho de 2015

ÁRVORE SAGRADA: A MANGUEIRA DA VITÓRIA-RÉGIA



FOTO: MANGUEIRA DA GRES VITÓRIA-RÉGIA. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015
Na Semana do Meio Ambiente, nada mais justo que homenagear as árvores de Manaus. Neste sentido, aponto que neste quase infinito de árvores da Amazônia, destacam-se aquelas cuja existência não marca apenas a paisagem natural, mas sobretudo o espaço urbano a partir da cultura.

Na rua Emílio Moreira no tradicional bairro da Praça 14 de Janeiro, uma mangueira plantada na frente da Escola de Samba Vitória-Régia, chama a atenção por "romper" com a construção da nova quadra da escola, parecendo ser integrada a arquitetura da construção. O tipo de mangueira é de frutos comuns. Mas, a despeito disto, esta mangueira já teria sido removida com a obra da nova quadra do Berço do Samba Amazonense, não fosse a sua representatividade simbólica e sua peculiar História.

Esta espécie vegetal fora plantada pela sambista e moradora Ticana Gouveia e seu marido para adornar e simbolizar os laços que fizeram a escola de samba Estação Primeira de Mangueira do Rio de Janeiro ser reverenciada como "Madrinha" da Verde e Rosa de Manaus. Moradores da área, relataram que eram na verdade duas mudas plantadas, mas que apenas uma de fato cresceu.

O bairro da Praça 14 de Janeiro sempre teve muitas mangueiras, onde essa cultura da chamada "economia de quintal" sempre fez parte do cotidiano de muitos moradores do bairro. Além do mais, nunca é bom deixar de resgatar a História das mangueiras com as populações afro-descendentes (quilombolas e mocambeiros), em que durante a escravidão nas senzalas e fazendas, foram criadas "crenças" de que não poderia se misturar "leite (produto das fazendas) com manga (espécie presente nas senzalas)". O que nada mais representava senão a preocupação do senhor da propriedade em impedir que os negros tomassem o leite que seria comercializado.

Sim, agora a mística e a representação simbólica unem natureza e cultura, num testemunho de resistência e amor á vida. Um legado importante para a cultura popular amazônica e amazonense, uma herança magnífica para as futuras gerações.

Saudações Ambientais!



Nenhum comentário:

Postar um comentário