sexta-feira, 23 de outubro de 2015

MANAUS 346 ANOS - OUTUBRO CINZA

FOTO: MANIFESTAÇÃO CONTRA AS QUEIMADAS EM MANAUS. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.


Neste dia 24 de outubro, Manaus completa 346 anos de existência. Minha cidade de nascimento e de coração. Em virtude deste momento, importo em destacar a sua primazia na Amazônia brasileira e a simplicidade de seu povo muitas vezes confundida com inocência.

No mês de outubro, foi dedicado a atenção a saúde da mulher, ganhando até o slogan de "Outubro Rosa". Mas, por ironia dos acontecimentos, a cidade de Manaus vem sofrendo muito com os rigores climáticos decorrentes do fenômeno El Niño, em que pese, temperaturas elevadas e baixa umidade do ar. Somam-se a isto, mais as queimadas criminosas na Amazônia, especialmente no sul do Amazonas e na região metropolitana de Manaus o que mergulha até o momento em que escrevo estas linhas, a cidade numa nuvem de fumaça que amplia-se com a chegada da noite.

As Organizações não-governamentais (ONG's) que vivem a espalhar aos quatro ventos que "Amam a Amazônia" ficam caladas, e veja, não são quaisquer organizações de "fundo de quintal", possuem ligações internacionais e suas sedes dão inveja a muitas pequenas empresas. 

Os meios de comunicação de massa, rádio e televisão limitam-se a registrar o fato da fumaça, sem contudo, aprofundar o tema preferindo culpabilizar os pequenos produtores rurais, mesmo conscientes que em nenhum momento da história recente da cidade, fenômenos como este, se manifestaram tão prolongadamente sobre os ares de Manaus. 

Os órgãos, institutos científicos e universidades (alguns deles se orgulham de ter meio centenário de Amazônia!), em silêncio, quando se pronunciam tratam apenas de aspectos periféricos a cortina de fumaça, falam das estatísticas e probabilidades e alguns até em adivinhações para projetar quando a fumaça irá se dissipar e até confundem a direção dos ventos, quando não apelam ao Divino para que nos envie chuvas. 

A classe média, que outrora, replicou via internet, a tragédia dos periquitos da Avenida Efigênio Salles, não polemiza em nada, não exerce nem o direito de consumidora da cidade, sobre a nossa perda de qualidade do ar. Uma classe média, que como diz, um colega meu de trabalho, quer saber mesmo é "Se o dinheiro já está na conta".

Neste cenário, Manaus fará 346 anos. Não bastasse, a vida de luta na cidade e pela cidade, os poetas do subterrâneo, se escondem da intoxicação da superfície de Manaus. As mucuras resistem por aparelhos, mas os ratos da cidade, continuarão a fazer poesia proscrita, nas esquinas enfumaçadas da Rua Leonardo Malcher com a Tapajós - que quiseram rebatizar de rua Portugal e a memória dos mais antigos não permitiu. Manaus, uma cidade que suas elites não a amam, apenas toleram porquê nesse espaço quente e úmido, ainda há caboclos a se explorar e caboclas lindas para se degustar (perdoem-me a deselegância!).

Espero sinceramente, deixar em Manaus minhas palavras grafadas em cada passo que dou na cidade "Mãe dos Deuses" tatuadas em cada tijolo e árvore, para que não virem fumaça e componham esta grande nuvem do esquecimento que insiste em pairar sobre a cabeça dos habitantes da minha amada Manaus.

Parabéns a todos os Ratos e Mucuras que insistem em fazer poesia no subterrâneo da cidade de Manaus!


domingo, 23 de agosto de 2015

MANIFESTAÇÃO EM DEFESA DA DEMOCRACIA E CONTRA O GOLPE


FOTO: MOVIMENTOS SOCIAIS E KIZOMBA, 2015.
AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.
Neste último dia 20, cerca de 8 mil manifestantes e uma dezena de entidades, entre sindicatos e movimentos populares, ocuparam as principais ruas do Centro Histórico de Manaus em apoio ao mandato da Presidência Dilma Roussef do Partido dos Trabalhadores (PT) e contra o golpe jurídico-midiático em curso, estimulado pelos setores conservadores da política do país e com intensa participação da mídia tradicional (rádio, televisão e jornais).

FOTO: MOVIMENTOS SOCIAIS, 2015. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.

A concentração e seus preparativos integram um dia nacional em defesa da "Democracia e contra o Golpe". Evento este, promovido pelas centrais sindicais, alguns partidos de esquerda e entidades estudantis além de movimentos sociais. O ápice fora a concentração no Largo de São Sebastião em frente ao Teatro Amazonas e a Igreja de São Sebastião na histórica rua 10 de Julho, data esta alusiva a Libertação dos Escravos no Amazonas.

FOTO: MOVIMENTOS EM DEFESA DA CASA PRÓPRIA. 2015.

Grupos sociais do interior do Estado também estiveram presentes no evento que faz parte das mobilizações sociais em defesa do pleito que deu a então candidata Dilma Roussef, o lugar de comando do país, a partir das eleições em 2014. Movimentos sociais, pedindo justiça no campo e moradia na cidade, misturavam-se àqueles que desejavam o afastamento do presidente da câmara dos deputados, Eduardo Cunha (PMDB) por envolvimento em denúncias de corrupção.

segunda-feira, 27 de julho de 2015

ÁRVORE SAGRADA: SUMAÚMA DO PARQUE DO MINDÚ. MANAUS.AM

FOTO: SAMAÚMA DO PARQUE MUNICIPAL DO MINDÚ.
PLANTADA POR GRO HARLEM BRUNDTLAND, 1992.
 AUTOR: NACERJA, 2014.

A samaumeira na proximidade do chapéu de palha no Parque Municipal do Mindú foi plantada por nada mais nada menos que a ministra da Noruega Gro Harlem Brundtland no dia 18 de março de 1992. Gro Harlem foi relatora do Relatório Nosso Futuro Comum ou Relatório Brundtland publicado em 1987 em que propõe um novo modelo de desenvolvimento para o mundo, baseado na proteção dos recursos naturais e na sustentabilidade econômica e ambiental. 

O ato de plantar a espécie de samaúma (ceipa pentandra) teve caráter simbólico de grande valor pois serviu de marco de criação institucional do Parque Municipal do Mindú, justamente no ano em que se discutia a Conferência Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento da ONU, mais conhecida como Rio-92 ou Eco-92.

A criação do parque representou a força dos manauaras e amazonenses, moradores do bairro Parque Dez de Novembro, que desde 1975 vinham lutando junto ao Estado para a criação de uma área de proteção ambiental que garantisse a harmonia socioespacial e evitasse a extinção de uma espécie de primata, o sauim-de-coleira, chamado popularmente de sauim-de-manaus, um dos seus ícones mais representativos da paisagem natural do Amazonas.

Obs: De forma proposital, grafamos Samaúma, pois esta espécie que ocorre nos continentes asiático, africano e americano, recebe diferentes denominações regionais. Neste sentido, preferimos, manter a gíria dos amazonenses!

ÁRVORE SAGRADA: MULATEIRO DA PRAÇA HELIODORO BALBI. MANAUS/AM


FOTO 01. MULATEIRO DA PRAÇA HELIODORO BALBI. MANAUS. AUTOR: CUCUNAÇA, 2014.

Desde 1954 reúnem-se à sombra deste frondoso e quase centenário mulateiro, bem na frente do Palacete Provincial do Amazonas na praça Heliodoro Balbi mais conhecida como  Praça da Polícia, alguns escritores e poetas amazonenses que, preocupados com a inclusão do Amazonas nos movimentos literários e artísticos iniciados na Semana da Arte Moderna em 1922, fundaram o Clube da Madrugada.

FOTO 02. PLACA ALUSIVA AO CLUBE DA MADRUGADA. MANAUS, 2009. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.

A bela e exuberante espécie vegetal, trata-se de um mulateiro cujo nome científico é sibipiruna caesalpinia peltophoroides benth fabacea e está majestosamente  fincado na frente do Palacete Provincial do Amazonas, e mesmo sem idade estimada, pois supõe-se que ela tenha mais de 70 anos, ainda oferece sua sombra aos andarilhos da cidade morena, Manaus. Seu tamanho sobressai na paisagem, destacando seu dossel altivo, medindo aproximadamente 15 metros de altura. Um verdadeiro sombreiro amazônico.

Este fato, só revela o quanto há de interação entre árvore, a vida e a cultura na Amazônia, sendo aqui, um marco referencial na História das letras no Amazonas.


Saudações Ambientais!

segunda-feira, 1 de junho de 2015

ÁRVORE SAGRADA: A MANGUEIRA DA VITÓRIA-RÉGIA



FOTO: MANGUEIRA DA GRES VITÓRIA-RÉGIA. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015
Na Semana do Meio Ambiente, nada mais justo que homenagear as árvores de Manaus. Neste sentido, aponto que neste quase infinito de árvores da Amazônia, destacam-se aquelas cuja existência não marca apenas a paisagem natural, mas sobretudo o espaço urbano a partir da cultura.

Na rua Emílio Moreira no tradicional bairro da Praça 14 de Janeiro, uma mangueira plantada na frente da Escola de Samba Vitória-Régia, chama a atenção por "romper" com a construção da nova quadra da escola, parecendo ser integrada a arquitetura da construção. O tipo de mangueira é de frutos comuns. Mas, a despeito disto, esta mangueira já teria sido removida com a obra da nova quadra do Berço do Samba Amazonense, não fosse a sua representatividade simbólica e sua peculiar História.

Esta espécie vegetal fora plantada pela sambista e moradora Ticana Gouveia e seu marido para adornar e simbolizar os laços que fizeram a escola de samba Estação Primeira de Mangueira do Rio de Janeiro ser reverenciada como "Madrinha" da Verde e Rosa de Manaus. Moradores da área, relataram que eram na verdade duas mudas plantadas, mas que apenas uma de fato cresceu.

O bairro da Praça 14 de Janeiro sempre teve muitas mangueiras, onde essa cultura da chamada "economia de quintal" sempre fez parte do cotidiano de muitos moradores do bairro. Além do mais, nunca é bom deixar de resgatar a História das mangueiras com as populações afro-descendentes (quilombolas e mocambeiros), em que durante a escravidão nas senzalas e fazendas, foram criadas "crenças" de que não poderia se misturar "leite (produto das fazendas) com manga (espécie presente nas senzalas)". O que nada mais representava senão a preocupação do senhor da propriedade em impedir que os negros tomassem o leite que seria comercializado.

Sim, agora a mística e a representação simbólica unem natureza e cultura, num testemunho de resistência e amor á vida. Um legado importante para a cultura popular amazônica e amazonense, uma herança magnífica para as futuras gerações.

Saudações Ambientais!



domingo, 22 de março de 2015

ANIVERSÁRIO DA ARENA AMAZÔNIA: PRIMEIRO ANO

FOTO: ARENA DA AMAZÔNIA. AUTOR: M. BECKHMAN, 2014.

Dia 09 de Março de 2014 foi inaugurada a Arena da Amazônia Vivaldo Lima no jogo válido pela Copa Verde daquele ano. Duelaram Nacional AM x Remo PA, em que o resultado foi de empate em 2 a 2 o que gerou a eliminação do time nacionalino da competição. Neste jogo destacamos que o primeiro clube amazonense a marcar gols na arena, foi o Nacional FC com Jefferson Recife e Nando numa reação espetacular quando o time azulino estava com o placar adverso.

O primeiro clube de futebol a vencer uma partida de futebol na Arena da Amazônia foi o Nacional AM em 09 de abril de 2014 na partida válida pela Copa do Brasil entre Nacional AM e São Luiz de Ijuí/RS em que o Naça venceu por 2 a 1, com dois gols de Hilton José Firmino de Oliveira, o chapinha.

Portanto, o Nacional FC foi o primeiro clube amazonense a marcar gols na Arena da Amazônia e o primeiro clube a vencer uma partida oficial no novo estádio da Copa do Mundo de 2014, além de exibir a maior bandeira de torcida do Amazonas e a segunda maior do Norte do país na arena da Amazônia durante o jogo entre Nacional x Vilhena RO, em que o Naça venceu por 2 a 1.

Parece uma tolice falar disto, mas alguns grandes clubes do futebol brasileiro foram derrotados nas suas arenas por ocasião da inauguração, além de revelar o quanto o torcedor nacionalino ama seu clube a ponto de presenteá-lo com esta gigantesca bandeira de 60m de largura por 22m de comprimento e dá-lhe amor!.

sexta-feira, 13 de março de 2015

MANIFESTAÇÃO EM MANAUS EM DEFESA DA PETROBRAS


FOTO: ESTUDANTES SECUNDARISTAS DO COLÉGIO SOLÓN DE LUCENA. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015

Nesta sexta-feira, 13 de Março sob forte chuva, ás 16h, cerca de dois mil manifestantes atenderam a chamada das Centrais Sindicais CUT - Central Única dos Trabalhadores e CTB - Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, FUP - Federação Única dos Petroleiros, dos movimentos sociais, da UNE - União Nacional do Estudantes e da UBES - União Brasileira dos Estudantes Secundaristas, além da UJS - União da Juventude Socialista para um Ato em Defesa da Petrobras, Contra a Corrupção e em Defesa da Reforma Política, tendo como cenário o Centro Histórico de Manaus na confluência entre Avenida Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro.

FOTO: ESTUDANTES EM DEFESA DA PETROBRAS. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015

Neste ato participaram também trabalhadores dos municípios da região metropolitana de Manaus, além de grupos sociais de defesa das mulheres e dos movimentos LGBT e de luta por moradia, cujas lutas de afirmação e inclusão social sempre são encampadas por partidos de esquerda.

O Ato em Defesa da Petrobras é uma das bandeiras históricas desde a campanha "O Petróleo é Nosso" na Era Vargas nos anos 1950 e uma vez que novamente, uma das maiores empresas petrolíferas do Mundo, encontra sua diretoria envolvida em denúncias de corrupção. Este cenário, segundo analistas políticos, vai além da punição a corruptos e corruptores, visa a desvalorização da empresa e a sua privatização para grupos econômicos internacionais.

FOTO: PARTIDOS DE ESQUERDA. AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.

Como fruto dos apelos populares nas manifestações de Junho de 2013 reivindicando "Saúde e Educação", o congresso nacional, aprovou o uso dos royalties do petróleo extraído da região do Pré-Sal em 75% para Educação e 25% para a Saúde, portando vinculando o petróleo ao Desenvolvimento da estratégico da nação pelos próximos anos.

FOTO: CARTAZ EM MANAUS, 2015.
AUTOR: CUCUNAÇA, 2015.
A despeito disso, a presença de estudantes da Escola Pública na manifestação deste 13 de Março, embora em reduzido número, mereceu o registro pela preocupação da juventude com o futuro do Brasil e o papel da Educação no desenvolvimento do país e do Amazonas em que está localizado, o segundo maior produtor de petróleo no país no município de Coari na base de Urucu.



segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

IMAGENS DO CARNAVAL EM MANAUS 2015


Foto: Bateria da GRES Balaku Blaku. Manaus. 2015
Foto: Rainha do Carnaval. 2015.
Foto: Comissão de Frente GRES Mocidade de Aparecida. 2015

Foto: Chico da Silva. 2015

Foto: Mestre Sala e Porta Bandeira. GRES Unidos do Alvorada.

Foto: Destaque da Andanças de Ciganos. 2015

Foto: Bateria da GRES Andanças de Ciganos. 2015


Alegoria da GRES Andanças de Ciganos.

Ala da Andanças de Ciganos.

Folião da GRES Sem Compromisso. 2015.






domingo, 15 de fevereiro de 2015

SAMBA NA AMAZÔNIA, ANDARILHO EM FESTA.

Foto: GRES UNIDO DO ALVORADA. Ala das Baianas.
 Autor: Andarilho da Tribo, 2015.


Neste último sábado, 14, fomos andarilhando pelo desfile das escolas de samba de Manaus, realizado no sambódromo da capital amazonense. Sempre é um espetáculo à parte, a capacidade criativa dos artistas e técnicos das agremiações carnavalescas.

Desfile de escola de samba, sempre é uma aula de cultura, geografia e história. E, em se tratando deste lugar especial chamado Amazônia, tudo tem um sabor diferente. Este ano, por exemplo, não chove durante o desfile, contrariamente ao que ocorreu no ano que passou. Outro destaque justo, vai para os sambas de enredo...foram maravilhosos, com refrões e bossas inigualáveis fazendo com que as comunidades e povo dos bairros das escolas de samba não perdessem a empolgação.

Em 2015, os temas para enredo foram influenciados especialmente pela Amazônia, mesmo sabendo que algumas escolas, fizeram enredos clássicos e temas mais contemporâneos com a GRES Sem Compromisso que tratou do tema Luta e a GRES Unidos do Alvorada que desfilou mostrando a importância do cuidado com a saúde.

Ao nosso ver, as grandes favoritas seriam a GRES Mocidade de Aparecida pela beleza de suas alas e a GRES A Grande Família cujo samba-enredo foi considerado o melhor deste carnaval. Destaque para a Andanças de Ciganos do bairro da Cachoeirinha que trouxe a vida e paixão do tuxaua Ajuricaba num belíssimo samba e com alegorias muito expressivas do que foi a história deste herói amazônico e amazonense.

Adoro carnaval, e o desfile das escolas de samba de Manaus, são um ritual certo para qualquer andarilho com vontade de sentir o calor do povo amazonense, nesta terra de Ajuricaba. Muito Bom!